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sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Olga


Título: Olga
Autor: Fernando Morais
Editora: Alfa-Omega
Gênero: Biografia / Politica / História
Páginas: 314
Ano: 1986











"Não é apenas o relato da vida e da morte de Olga Benario. O livro acabou sendo uma história completa da revolta comunista de 1935"


Como publicado nos jornais "O Globo" e "O São Paulo" O livro não trata apenas de uma biografia de Olga Benario, militante comunista alemã, presa no Brasil e deportada para a Alemanha nazista de Hitler, grávida de 7 meses. O livro trata também da revolução comunista de 1935, detalhes da organização dos partidos comunistas no mundo, o poder de persuasão da mídia sobre o povo, da ditadura do governo Vargas, das torturas sofridas por presos políticos no Brasil, dos campos de concentração nazistas, da abertura política pós 2° Guerra mundial, e cita também empresas multinacionais que enriqueceram usando mão de obra escrava dos campos de concentração. O livro vai além da biografia, são relatos políticos e históricos, ricos em detalhes e informações, onde Olga é descrita como uma mulher do qual a inteligência, coragem e ousadia nos deixa admirados, um exemplo de militância politica, e sua história de vida um exemplo de força e determinação, que graças ao governo de Getúlio Vargas, terminou em uma câmara de gás.

O Passaporte falso apreendido após a prisão: Nele, Olga e Prestes são Maria e Antonio. 

O Médico da prisão nazista de Barnimstrasse assina o atestado médico de Anita ao entregá-la à avó
  
Trabalho escravo nas industrias Siemens

Consta no livro algumas empresas multinacionais que utilizaram-se de mão de obra escrava dos campos de concentração nazista:

“O trabalho na unidade da SIEMENS, (a empresa se fixou dentro do campo de concentração de Ravensbrück) era obrigatório para todas as prisioneiras, independentemente da classificação que tivessem, da idade ou do estado de saúde. Mediante acordo celebrado com o governo, a indústria pagaria ao comando do campo 30 centavos de marco por mulher-dia, sem que isso implicasse qualquer forma de remuneração às prisioneiras. As indústrias que, para preservar sua imagem internacional, preferissem não instalar fábricas dentro dos campos de concentração, não tinham por que se preocupar: a SS se encarregava de transportar os prisioneiros até a sede da empresa. Foi através de contratos como o da Siemens que a fábrica da BAYRISCHEN MOTORENWERK  que produzia os veículos BMW, utilizava 220 presos alugados do campo de concentração de Buchenwalt; a indústria de lentes ZEISS-IKON alugava 900 homens do campo de Flossemburg; a siderúrgica KRUPP (uma das maiores produtoras de aço do mundo e presente tb no Brasil)  500 presos de Buchenwalt; a indústria de veículos DAIMLER-BENZ, fabricante dos luxuosos automóveis Mercedes-Bens, 110 presos de Sachsenhausen; a VOLKSWAGEN  650 presos do campo de concentração de Neuengamme; havia até uma misteriosa indústria SILVA GMBH POLTE WERKE, que chegou a alugar 2 mil mulheres de Ravensbrück. O campo onde esteve Olga, aliás, foi o que forneceu o maior volume de mão de obra escrava. Ao todo, 37.500 mulheres – judias, comunistas, socialistas, social-democratas, ciganas e Testemunhas de Jeová – saíram de Ravensbrück entre 1938 e 1945 para trabalhar de graça para grandes indústrias alemãs.(...) pg 266

* Outras empresas como Allianz seguros, BasfBayerBosch... Constam em listas de sites na internet, vale a pena pesquisar e boicotar o que for possível!
                         


Trailer do filme Olga

Baseado no livro, foi lançado o filme em 2004, que rendeu bilheteria e foi indicado à Academia de Hollywood, para concorrer a uma das cinco vagas na categoria do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Porém, apesar do tema ser bastante atrativo a qualidade deixa a desejar em todos os aspectos. Falta conteúdo informativo, se você não leu o livro antes não entende algumas cenas, o roteiro é fraco, o filme não mostra a situação política do país e dos militantes comunistas, que foi o foco principal do livro, dando muito mais ênfase no "romance" entre Olga e Luiz Carlos Prestes do que na história política, a interpretação é ruim, artificial, em várias cenas não demonstram a emoção do momento tão pouco a efervescência política que existia na época. Um filme ruim e dispensável, mais ainda se comparado a qualidade do livro.



Outros livros de Fernando Morais:

A Ilha
Os últimos soldados da guerra fria