Um blog criado a 4 mãos, uma parceria entre irmãs, para comentarmos sobre os livros que lemos, e compartilhar opções de boa leitura.
Escolha um livro, pegue uma xícara de café e venham me desfolhar, sintam-se à vontade.

segunda-feira, 25 de março de 2013

Canto dos malditos - Bicho de sete cabeças.


Título: Canto dos malditos
Autor: Austregésilo Carrano Bueno
Gênero: Biografia / drogas
Editora: Rocco
Páginas: 182
Ano: 2004 (versão atualizada)










Canto dos malditos foi o livro que deu origem ao filme Bicho de sete cabeças. O autor passou 3 anos internado em hospícios, depois que seu pai descobriu que ele era usuário de maconha e o internou em uma clínica psiquiátrica para tratar o vício, desconhecendo os métodos de tortura ali aplicados.
As aplicações de tortulina repuxavam os nervos causando fortes câimbras no corpo todo, os sedativos deixavam os pacientes tão lesados que não conseguiam abotoar a própria camisa, e tinha também as aplicações de eletrochoque na cabeça. No livro, além dos efeitos das drogas e dos métodos de tortura utilizados, o autor também relata as sequelas que ele carregou por conta desse tratamento desumano, dos internos que enlouqueceram, da situação de abandono em que viviam, do preconceito dos amigos, parentes e vizinhos, da lavagem cerebral da mídia que difundia mentiras absurdas moldando a opinião da população contra os jovens de cabelos compridos, tratando-os como marginais.
O primeiro capítulo do livro é desprezível, praticamente um diário de adolescente, onde ele cita diálogos entre os amigos e como era o dia-a-dia de sua turma. Não acrescenta em nada, e particularmente achei bem chato. A partir do segundo capítulo, quando ele é internado, o livro começa a ficar interessante, apesar de repetitivo. Ao fim do livro ele relata algumas mudanças na lei psiquiátrica do Brasil, fala da sua luta por indenização e punição aos culpados, além de contar também com um depoimento de seu pai, sobre sua atitude em internar o filho.
Em abril de 2002, à pedido da família de um dos psiquiatras citados no livro, o mesmo foi censurado pela justiça do Paraná tendo sua divulgação e comercialização proibida sob acusação de calúnia em nome da "boa moral" dos psiquiatras sádicos... Além do autor ter sido condenado pelo tribunal de justiça do Paraná a pagar 60 mil aos médicos psiquiatras e seus familiares.
Em 2004 foi concedida a liberação do livro, porém sem citar nomes verdadeiros.
Carrano não parou de lutar contra o sistema psiquiátrico brasileiro e seu tratamento desumano, após 14 anos de luta, graças à sua insistência, seu livro e o sucesso do filme, foi aprovada a lei de reforma psiquiátrica no Brasil, que priorizava a construção de uma "rede nacional de trabalhos substitutivos aos hospitais psiquiátricos" investindo em uma nova visão psiquiátrica, novos tratamentos, e reformulando os conceitos sobre saúde mental.




Bicho de sete cabeças, é um dos mais premiados filmes de toda a cinematografia brasileira. Conquistou 53 prêmios, sendo 8 internacionais. No festival de cinema em Biarritz, 2001, na França, ganhou quatro prêmios: melhor filme, melhor direção, melhor ator e melhor roteiro. O filme foi fundamental na aprovação da lei federal de reforma psiquiátrica n° 10.216/abril de 2001.

O filme relata bem a essência do livro, não deixando nada à desejar, passa perfeitamente a mensagem que o autor passou no livro, além de ser muito bem feito e contar com ótimos atores. Vale a pena conferir!

sexta-feira, 15 de março de 2013

O caso dos dez negrinhos

Título: O caso dos dez negrinhos
Autora: Agatha Christie
Gênero: Romance policial
Editora: Record
Páginas: 378
Ano: 1939











Quem conhece Agatha Christie com certeza já leu "O caso dos dez negrinhos" Para quem não conhece, vale a pena começar por ele!
O livro é um clássico, merecidamente, pois a história é muito bem tramada e prende muito a atenção. Trata-se de 8 pessoas que recebem um convite para um fim de semana em uma ilha, e um casal de criados que deveriam recepcioná-los.
Na mesa de jantar encontra-se dez bonequinhos de porcelana e no alto da lareira o poema infantil "O caso dos dez negrinhos"

"Dez negrinhos vão jantar enquanto não chove;
Um deles se engasgou e então ficaram nove.
Nove negrinhos sem dormir: não é biscoito!
Um deles cai no sono, e então ficaram oito.
Oito negrinhos vão a Devon de charrete;
Um não quis mais voltar, e então ficaram sete.
Sete negrinhos vão rachar lenha, mas eis
Que um deles se corta, e então ficaram seis.
Seis negrinhos de uma colméia fazem brinco;
A um pica uma abelha, e então ficaram cinco.
Cinco negrinhos no foro, a tomar os ares;
Um ali foi julgado, e então ficaram dois pares.
Quatro negrinhos no mar; a um tragou de vez.
O arenque defumado, e então ficaram três.
Três negrinhos passeando no Zoo. E depois?
O urso abraçou um, e então ficaram dois.
Dois negrinhos brincando ao sol, sem medo algum;
Um deles se queimou, e então ficou só um.
Um negrinho aqui está a sós, apenas um;
Ele então se enforcou, e não ficou nenhum."

Ao chegarem, ouvem durante o jantar uma gravação, acusando cada um deles de ter cometido um crime, inclusive os criados. Baseado no poema, um a um, os convidados começam a ser assassinados, na sequência os bonecos de porcelana vão sumindo da mesa.
Quem seria o assassino? Teria uma outra pessoa na ilha? Ou o assassino estaria entre eles? (Parem de desconfiar do mordomo, pessoal!!! )

Quem se interessar pelo livro, procure também pelo título "E não sobrou nenhum..." pois o livro sofreu uma ridícula alteração no nome, em prol dos "politicamente corretos" que nos proíbem de usar a palavra "negrinhos" como se fosse algo ofensivo. A assessoria da editora Globo diz que a mudança foi uma exigência contratual, após a mudança de nome que ocorreu primeiro nos EUA devido ao termo "niggers" lá ter uma conotação mais ofensiva. Se essa troca é válida para eles, bem, para nós não é, negrinhos não é nem um pouco ofensivo ou pejorativo, mas, absurdos à parte, o nome original da obra é "O caso dos dez negrinhos" o que deveria mesmo ser proibido são as alterações em obras alheias.
...Monteiro Lobato que o diga...