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domingo, 28 de abril de 2013

Mulheres de Cabul


Título: Mulheres de Cabul
Autora: Harriet Logan
Gênero: Sociologia
Editora: Ediouro
Páginas: 101
Ano: 2006











Em 1996 o regime Taleban assumiu o poder no Afeganistão. O regime durou 5 anos, era extremamente ditador e agressivo, dentre seus decretos encontra-se:
Era proibido soltar pipa.
Era proibido ouvir qualquer tipo de música.
As mulheres eram proibidas de usar maquiagem ou adornos, eram proibidas de trabalhar e estudar, elas não deveriam nem sair de suas residências.
Era proibido usar sapatos que fizessem barulho ao caminhar.
Era proibido usar sapatos brancos (cor da bandeira tabeban)
Era proibido cortar a barba.
Era proibido rir em público.

A desobediência era punida com prisão, pessoas eram espancadas na rua por descumprir alguma ordem do Taleban, inclusive crianças.

Desde 1959 o governo anunciou que as mulheres podiam tirar a burka e mostrarem seus rostos, Cabul era uma cidade cheia de intelectuais, museus, cinemas, concertos, belos prédios... Durante o regime comunista da déc de 80 podia-se fazer de tudo em Cabul, a vida era semelhante a vida ocidental, inclusive as vestimentas. Quando os Mujahideen tomaram o poder a liberdade começou a se perder, as mulheres foram obrigadas a usarem véus, aumentou-se a rigidez com as vestimentas, o país vivia em guerra, facções de mujahideen lutavam entre si, bombas explodiam com frequência, não havia segurança, havia assaltos e estupros. Quando o Taleban assumiu o governo, a esperança era de melhorias, o povo acreditava que eles seriam bons, não podiam acreditar que pudessem ser tão pior...


Em dezembro de 1997, a fotógrafa inglesa Harriet Logan foi ao país em busca de imagens e depoimentos de mulheres afegãs, com a desculpa de fotografar a destruição causada pela guerra, já que fotografar pessoas era proibido pelo regime.
Em 2001 com a queda do Taleban, Harriet Logan voltou ao Afeganistão à procura das mulheres com quem havia conversado 4 anos antes. As fotos e relatos da vida dessas mulheres antes, durante e depois do Regime Taleban encontra-se no livro "Mulheres de Cabul" São mulheres viúvas que foram proibidas de trabalhar e não tinham o que comer, nem como sustentar seus filhos, crianças que foram proibidas de estudar, pessoas doentes sem assistência médica, pessoas que mantinham escolas e trabalhos ilegais e temiam ser descobertas, mas que não desistiram de seus sonhos, que não perderam a esperança de reconstruir seu país e suas vidas e que se arriscaram ao se deixar fotografar e ao dizer para mundo o que estava acontecendo com elas. São depoimentos tristes, mas repletos de coragem e determinação!




1972 no recém criado bairro de Shar-E-Naü algumas jovens liberadas e emancipadas usavam minissaias, apesar das severas críticas da maioria dos afegãos, que ainda seguiam a tradição muçulmana. Os mulás (sacerdotes muçulmanos) não hesitavam em jogar ácido nas pernas desnudas daquelas jovens imprudentes. 


Zargoona, professora de física.

Fui espancada pelos Talebans por estar lecionando. "-POR QUE VOCÊ ESTÁ ENSINANDO?" Eles gritaram. Eu disse que só ensinava o santo corão, mas eles gritaram que era proibido dar aulas para meninas e começaram me bater até minha perna sangrar. Juraram que se eu voltasse a lecionar seria presa e executada.


Palwasha trabalhava na PARSA, uma ONG social do Afeganistão.

Palwasha questiona os Talebans ao ser presa junto com outras mulheres: "-Por que nos trouxeram pra cá? Não fizemos nada de errado"
"-Vocês estavam trabalhando quando deveriam estar sentadas em suas casas esperando que Alá jogasse comida dos céus pra vocês"
Disseram que não éramos muçulmanas e que se tivéssemos fé Alá jogaria comida dentro de nossas casas.




Uma questão interessante a ser abordada é a interferência estadunidense; como sabemos, estão sempre querendo mandar no mundo e interferindo na política alheia. Vendo de fora, claro que discordamos dessa intervenção, mas olhando pelo ponto de vista da população afetada pelo regime Taleban, essa atitude não seria benéfica? Sabemos que essa não é a intenção, os EUA não querem fazer caridade algumas às outras nações, mas por trás de uma atitude interesseira sobra ao povo um certo benefício, e me pondo no lugar dessas pessoas eu provavelmente também veria na intervenção estadunidense algo "salvador" como relatado nas palavras de alguns cidadãos:

"Estamos contentes com a ajuda dos EUA para destruir o Taleban e trazer a paz ao Afeganistão. Gostaríamos que os EUA participassem da reconstrução do nosso governo."
Latifa pg 93

"Ninguém teve raiva dos EUA. Nós queríamos a ajuda deles. A paz no Afeganistão só será possível com a ajuda dos EUA e se o mundo não nos esquecer."
Palwasha pg.83

E vocês, o que acham? Leiam o livro, conheçam as histórias dessas pessoas, reflitam sobre o que se passa do outro lado do mundo, e tirem suas conclusões!!


4 comentários:

  1. Por que não "poder soltar pipa"? Vários filmes e livros que já assisti/ li, (poucos sobre o Taleban no poder no Afeganistão) retrata a proibição dessa atividade, e classifica-a como grave.

    Antes do Taleban, o Afeganistão viveu a época do comunismo. Ou do socialismo real com base nas pecularidades nacionais. Depois os EUA na sua guerra contra o comunismo apoio a oposição e colocou a turma da Taleban, salafistas e Al-quaeda no poder no país.

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    1. Boa pergunta Sturt! Já li sobre tal proibição em outras fontes, mas nunca vi uma explicação plausível. (eles deveriam ter uma, plausível para eles apenas... rsrs)
      Em teoria os EUA achavam que o Talebãn seria um governo favorável ao seu interesse político, na pratica, qdo viram que se engaram se voltaram contra o regime... Claro que o interesse é sempre político e financeiro, disfarçado com a máscara da democracia e dos direitos humanos, mas deixando de lado as razões políticas e pensando apenas no social, o que fica para o povo? O ponto de vista dessas mulheres que viviam sob tal repressão difere muito do nosso que vemos mais o lado político da situação.

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  2. Eu li caçador de pipas e cidade do sol do autor khaled housseini, os quais super recomendo não somente por retratar curiosidades que temos como a liberdade que gozavam os afegãos nos campeonatos de pipas, nos quais as crianças corriam pelas ruas. Trata-se de um gênio da literatura que fará história por séculos que se seguem.

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