Um blog criado a 4 mãos, uma parceria entre irmãs, para comentarmos sobre os livros que lemos, e compartilhar opções de boa leitura.
Escolha um livro, pegue uma xícara de café e venham me desfolhar, sintam-se à vontade.

terça-feira, 18 de outubro de 2016

A Revolução dos Bichos.


Título: A Revolução dos Bichos
Autor: George Orwell
Editora: Companhia das letras
Gênero: Fábula, Política, Sociologia, história.
Ano: 1945
Páginas: 147









Os animais viviam em uma fazenda, e eram todos os dias explorados pelo fazendeiro, até que resolveram fazer uma revolução, colocaram o fazendeiro para correr, e tomaram posse da fazenda para viver em liberdade, trabalhando em prol dos seus próprios objetivos, e não mais de um humano explorador!!!


Assim discorre a fábula de George Orwell;  "A revolução dos bichos."
Resumindo assim parece um livro bobo e desinteressante, mas ao contrário, o autor retrata de forma simples, objetiva e muito inteligente os principais acontecimentos da revolução russa. É uma sátira à ditadura Stalinista, que foi escrito durante a segunda guerra mundial.
É sem dúvidas uma obra prima, um clássico para diferentes idades, com mensagens políticas e sociais de nível adulto, em forma de fábula de fácil compreensão para crianças.

É interessante conhecer a revolução russa, seus principais personagens e acontecimentos antes de lê-lo, pois as referências no livro são muito diretas. Durante  o decorrer da história o leitor vai identificando cada animal e entendendo que personagem ele representa na história real.
A traição à Trotsky é contada de forma bem clara, a exploração da mão de obra, os assassinatos, a busca pelo poder, o abuso deste poder, os privilégios alcançados em detrimento dos outros, a fácil manipulação da grande massa, é tudo muito explícito.


O livro narra exclusivamente a revolução russa, apenas, sem mais interpretações, comparações, ou referências à outras revoluções, como erroneamente foi feito por diversos meios de comunicação na luta contra o comunismo durante a guerra fria, deturpando o objetivo do próprio escritor, e mostrando o quanto a manipulação política se faz presente nas mínimas oportunidades. A luta pelo poder é bastante semelhante em toda parte do mundo, indiferente da ideologia política, usa-se os mesmos artifícios, com os mesmos objetivos.
A história mostra de forma simples o quanto a politica é um ciclo, que quando você menos espera, aquele que lutou contra um governo opressor, pode se tornar, ele próprio, tão opressor quanto. 
A igualdade entre os homens é um sonho daqueles que são explorados, o pesadelo daqueles que exploram, e uma eterna utopia entre os homens. 

"Todos os animais são iguais. Alguns mais iguais do que os outros."

terça-feira, 10 de maio de 2016

Chico Mendes; Tempo de queimada - tempo de morte.


Título: Chico Mendes; Tempo de queimada - tempo de morte.
Autor: Andrew Revkin
Gênero: Meio Ambiente
Editora: Francisco Alves
Páginas: 348
Ano: 1990










Na busca por um livro sobre Chico Mendes, encontrei dentre outros títulos, este, que se destacou pelas boas indicações dos leitores.
Ao folheá-lo vi que o autor é estadunidense, o que me fez perder o interesse pelo livro. O pré-conceito me fez de imediato pensar "Um estadunidense escrevendo sobre Chico Mendes e a Amazônia? O que um estrangeiro teria a dizer sobre uma questão tão particularmente brasileira?"
No prefácio, o autor, coincidentemente, responde a minha pergunta:

"Muitas pessoas me perguntam: Pq ler um livro escrito por um americano a respeito de uma questão eminentemente brasileira?
Existem diversas razões. Primeiro, nenhum repórter,  americano ou brasileiro, dispensou tanto de seu tempo na tentativa de reunir as peças desse quebra-cabeças. Somente consumindo-se tempo pode-se começar a perceber a verdade que se encontra no meio de cem pontos de vistas distintos, o ponto de vista dos seringueiros, o dos fazendeiros, os dos familiares e amigos de Mendes, o das autoridades investigando seu assassinato. Segundo, eu não escrevi esse livro para os olhos dos cidadãos americanos, Eu o escrevi para os olhos dos cidadãos do planeta Terra. Afinal de contas, atingimos uma era em que os problemas ambientais não respeitam mais fronteiras."


"Os problemas ambientais não respeitam mais fronteiras!" É, eu errei quanto ao "particularmente brasileiro"
Ok sr. Andrew, você venceu! Eu trouxe o seu livro para casa! E não me arrependi, ao contrário, me surpreendi!

Eu imaginava que o livro fosse uma biografia da vida de Chico Mendes e sua luta pela prevenção da floresta amazônica, mas o livro vai muito alem disso.  O autor não se limita ao tema principal, ele fala de tudo que esteja relacionado a questão da Amazônia. Ele fala de política, economia, biologia, da questão indígena, do trabalho escravo, da má distribuição de renda, da falta de leis e de justiça. O livro é muito rico em informação e o conhecimento do autor, especialmente quanto a politica brasileira, me surpreendeu. Os próprios brasileiros não conhecem sua história, como um estrangeiro se dispôs a conhecer.

O livro é excelente, leitura indispensável. A única coisa que me incomoda é a falta de revisão gráfica, que deixa passar vários errinhos de digitação e tradução, mas nada que prejudique o conteúdo e o entendimento da leitura. Um relaxo inadmissível em um livro, mas incapaz de comprometer a excelência de suas informações.


quarta-feira, 2 de março de 2016

1968, o ano que não terminou.


Título: 1968, o ano que não terminou.
Autor: Zuenir Ventura
Gênero: Política e sociologia
Ano: Lançado originalmente em 1989
Relançado por diferentes editoras.













1968, um clássico da literatura política brasileira, e como tal, eu esperava mais do livro. Não atoa, sempre criamos grandes expectativas ao ter em mãos um livro conceituado. 
Eu esperava por mais informações políticas, ausente no primeiro capítulo, que se dedica mais a relatar como viviam os jovens daquela geração, o que liam, o que assistiam, sobre o que conversavam, sua busca por liberdade, sexualidade e ideais. Desinteressante, na minha opinião.
Outro ponto negativo é que a maior parte do livro se passa no Rio de Janeiro, enquanto a ditadura se passava no Brasil todo. No decorrer da leitura, me pego pensando no que estaria acontecendo, naquele momento, no restante do país. Como a opressão política atingia os demais brasileiros, nas capitais menos expressivas? Pouco se fala sobre os acontecimentos além do eixo Rio - SP, e essa falta de abrangência nacional deixou a desejar.
Apesar de ser um dos livros mais conhecidos sobre a época da ditadura militar, ele não é um relato exclusivamente político, sobre a ditadura, o AI5 e suas atrocidades, é uma retrospectiva do ano todo, do primeiro ao último dia, desde fatos fúteis, até os mais marcantes. E apesar de cansativa e desinteressante, a primeira metade do livro não deixa de ser um complemento aos demais relatos.
A segunda metade traz vários relatos políticos e sociais, tal qual um trabalho jornalístico. É como ler matérias da época, contadas por quem as presenciou. 
Cita personagens importantes na luta contra a repressão, a censura sofrida por artistas do teatro e da música brasileira, relatos de pessoas que sofreram repressão, relatos de abuso de poder, de autoritarismo, de desrespeito aos direitos humanos e afronta à cidadania e seus direitos democráticos.
A cada página, a leitura vai se tornando cada vez mais interessante, com mais informações e relatos que prendem a atenção, até que o ano chega ao fim, ao menos no calendário, já que historicamente ele não terminou...



Deixo aqui um trecho do livro, cujo a mensagem nele inserida, vai muito além das palavras.

"As 19:30 do sábado, em Goiânia, o calor estava insuportável, e ele resolveu se por à vontade no quarto do hotel. De chinelos, sem meias e com calça de pijama, Sobral repousa sentado, quando, de repente, a porta foi arrombada e apareceu um major. Atrás dele havia seis homens em fila. O major não cumprimentou:
-Eu trago uma ordem do presidente Costa e Silva para o sr. me acompanhar.
Sentado estava, sentado Sobral ficou.
-Meu amigo, o marechal Costa e Silva pode dar ordens ao senhor. Ele é marechal, o sr, major. Mas eu sou paisano, sou civil. O presidente da república não manda no cidadão. Se esta é a ordem, então o sr pode se retirar pq eu não vou.
A primeira reação do militar foi de espanto:
-O sr está preso! Gritou o major, achando q não se tinha feito entender.
- Preso coisa nenhuma!
Só então o major percebeu q precisaria usar a força. A um grito de "prendam", quatro homens se atiraram sobre o velho sentado. Sobral foi agarrado e arrastado até o elevador, agarrado e arrastado passou pelo salão do hotel e, esperneando, foi jogado no banco de trás de um carro.
Ao comandar aquele sequestro, o major certamente aprendeu que a bravura cívica podia ter 75 anos, pesar 67 kgs, e andar de chinelos e pijama."




sábado, 9 de janeiro de 2016

Um gato de rua chamado Bob


Título: Um gato de rua chamado Bob
Autor: James Bowen
Editora: Novo conceito
Gênero: Biografia
Páginas: 236
Ano: 2013











O cão, o amigo do homem. Será? Nem sempre.
O melhor amigo do homem também pode ser um gato!
James é um ex morador de rua, viciado em heroína, estava em tratamento para tentar se livrar do vício. Para se manter fazia apresentações de rua, tocando sua guitarra, e cantando nas ruas de Londres em troca de algumas moedas. Certo dia encontrou Bob, um gatinho abandonado, perto da porta de seu apartamento. Se afeiçoou à ele, porém mal tinha dinheiro para sustentar a si mesmo com as moedas que ganhava em suas apresentações de rua, e vivia no momento de abstinência, a fase mais difícil para quem inicia um tratamento contra o uso de narcóticos, ainda assim acabou não resistindo e deixando que o pequeno felino fizesse parte de sua vida.

No livro ele relata a história de amor e amizade entre um homem e seu gato, momentos que viveram juntos, hábitos e atitudes do pequeno felino, e a cima de tudo, como e quanto o encontro com esse bichano mudou a vida dele, o ajudou a sair do vício, trouxe mais alegria para sua vida até então sem sentido, e claro, trouxe também muito dinheiro com a fama que teve o livro!!! Rs




Não é somente uma história de amor e amizade, mas também de superação. Bob se tornou a força que faltava para James se recuperar do vício, foi sua real motivação para seguir em frente. Não raro, um pequeno animal de estimação nos faz um bem enorme.



São relatos não mais que simples, não menos que belo, e cheios de ternura felina.  ^^